Tudo eu julguei
Julguei as estrelas que me amparavam nas noites sombrias
Sem saber que o faziam
Julguei a lua por me inspirava na inércia da minha escrita
Murmúrios que eu pensava que ali jaziam
Julguei os rios por estarem tão frios
Mas eram apenas reflexos gélidos que em mim adormeciam
Julguei as forças cósmicas, culpei o cupido
Setas de uma amor envenenado que cultivavam o meu jazido
Julguei as bruxas, os druidas, as feiticeiras
Amaldiçoado o fogo das suas fogueiras
Julguei os senhores do Olimpo e as Nereidas
Silenciando o canto hipnótico das Sereias
Tudo eu julguei, tudo eu condenei
Fúria intrínseca de um ser menor
Num mar feito de lágrimas amargas
E no entanto, fui eu que errei
Não ouvi no meu íntimo o teu lamentar
Desse teu secreto desejo de ao meu lado queres estar
Tudo eu julguei sem poder julgar
Tudo eu julguei mas só a mim me posso condenar
Momentos perdidos na minha hesitação
Mesmo sem saber, já era teu o meu coração
E hoje, vagueando num mundo moribundo
És luminosidade perpetuada na mais bela recordação...