Tem dias!
Tem dias que parecem intermináveis
Horas que não passam, tornam-se infindáveis
E eu só queria adormecer os pensamentos
Pausar os meus tormentos
E nos crivos do tempo
Perder-me no silêncio
Dos gritos que que da minha alma brotam
Dos sussurros que a minha paz boicotam
Em melodias que já não encantam
Choros agonizados, perpetuados...
Tem dias!
Responde a alcoviteira de forma sorrateira
De quem tem tudo mas nunca soube o que era ser amada
Esboça um sorriso escondendo uma vida amargurada
É assim a vida!
E mais um dia passado no vazio do ser
E logo hoje que tinha tanto que fazer!
Tem dias em que o universo anda desalinhado
As estrelas surgem com um ar acanhado
Na praça soldados marcham desordenados
E até o cupido parece desorientado
Nada está em harmonia com coisa alguma
Nem a princesa encantada surge da bruma
Apenas a minha solidão
Finas areias dissipando-se na minha mão
Enrugada pela passagem do tempo
Implacável, indomável, inviolável
Tem dias assim
Frio constante num calor abrasador
Esperando um simples beijo de amor