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Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

Manto de ilusão

27.06.24, MM
Vivemos num tempo em que o tempo ficou escasso Maratonas desenfreadas em pequenos nadas Já não ouvimos os apelos do coração  Gritos mudos de quem anseia um abraço  Mas não há tempo… “fica para uma próxima”  Lágrimas derramadas num manto de ilusão    Choramos o tempo perdido atrás da pessoa errada E nesse tempo de luto perdemos a pessoa certa Lamentamos o tempo que não demos à pessoa amada E nesse tempo mais alguém vai embora  E nesse tempo outra alguém namora E (...)

Esmorecer

06.02.24, MM
Vivemos entre o ápice e o eterno Onde os silêncios se propagam no infinito  Aguardamos serenamente aquele abraço fraterno Que nos faça esquecer o inferno Que é viver num espaço circunscrito   Rogamos aos deuses do Olímpo impiedoso A luz que nos acalenta a íntima esperança E como numa brincadeira de criança Pedimos às estrelas aquele desejo majestoso   E num ápice vemos a vida por nós passar Memória enrugadas do que nunca aconteceu Pele pálida numa alma cálida Sonhos (...)

Desencanto

15.10.23, MM
Perdi-me no encanto que hoje se fez desencanto Naveguei nos mares invioláveis que se tornaram domáveis Infringi as leis do retorno e sem adorno Quebrei as leis da atração Que fiz eu meu coração? Que fiz eu meu coração…   Bati no fundo do meu ser Intermitências alucinantes entre o viver e o morrer Dor que não apazigua, insinua Num rio que corre mas não desagua Mar feito de lágrimas incandescentes Minha alma feita de estrelas cadentes Sem luz, sem rumo delineado Chorando sob (...)

Quebrar a sensatez

24.09.23, MM
Não voltes ao lugar onde já foste feliz Ditam as regras da sensatez Mas à razão o coração contradiz Que todas as histórias têm “era uma vez”   Não voltes ao tempo onde habitou a felicidade Memórias de um tempo que avançou e nada restou Mas no desígnio do tempo foi forjada a saudade De um amor eterno que nunca sarou   Não voltes ao que não podes voltar Ecoa no vento a sabedoria ancestral Mas se até os ventos regressam ao mesmo lugar Que há de mal afinal?   O vinho (...)

Contratempo

03.07.23, MM
Percebes que haverá sempre um contratempo Para quem és apenas um passatempo  Que não sente em si a saudade Nem tão pouco a vontade De se perder nos teus braços De sentir no seu corpo os teus amassos   Serás sempre um contratempo Uma história que alguém nunca irá escrever Página em branco amarrotada em desculpas De quem nem tão pouco sente as culpas De saber que está a fazer sofrer   Vives na eterna desculpa do contratempo Do cansaço, do embaraço,  De quem passa o tempo a adiar (...)

Desde quando

28.07.22, MM
Desde quando é que tens medo Desde quando o nosso amor virou segredo Desde quando perdemos a inocência E os mais puros sentimentos viraram indecência   Desde quando achas que universo nos separou Se as nossas almas se continuam a amar Os deuses dizem que a nossa história ainda não acabou E nas estrelas está escrito que juntos vamos ficar   Desde quando deixei de fazer parte dos teus pensamentos E jogaste as nossas promessas de amor aos sete ventos Murmurávamos ao tempo que juntos (...)

No meu colo

24.07.22, MM
  Senta-te no meu colo e diz que me desejas Beijo-te o pescoço enquanto latejas Viaja no meu corpo sei que o almejas Vendo-te os olhos, não quero me me vejas   Imagina, a minha mão na tua “menina” Dedos atrevidos em movimentos circulares Universo de sentidos em prazeres lunares Respiração ofegante, calor sufocante Roupa perdida, alma despida Desejo carnal, volúpia magistral E mais um beijo numa dança sensual   Não te quero desse jeito, põe-te assim, de costas para mim! Que (...)

Passageiros

13.01.22, MM
Somos passageiros de um tempo que não passa Prisioneiros no tempo que por nós já passou Perdidos na escrita da nossa própria farsa Chorando tristemente por quem um dia nos abandonou   Contemplamos impávidos e serenos as marcas do rosto Lágrimas tatuadas por quem um dia partiu, que não ficou Mágoas amealhadas num coração em desgosto Frio gélido em pleno mês de agosto E eu aqui, agarrado ao ínfimo que me restou   Somos passageiros de um tempo que não passa Saindo a (...)

Caos

06.11.21, MM
Na minha tempestade eu acordei o vento E no meio da saudade eu parei o tempo Eternizei-o numa caixa de pandora E sem tempo, esqueci-me de viver “o agora”   Despertei fúrias exorcizadas em sentimentos ocos Perdi-me em estradas de encruzilhadas tresloucadas Gritei aos sete ventos na terra dos loucos Palavras atormentadas em dizeres taralhoucos   Desmaiei sobre a terra batida, abatida, tingida O meu corpo, a minha alma, a minha força de viver Deixei-me consumir pelas trevas delirantes Desafi (...)

Momentos de solidão

23.10.21, MM
Pressinto na brisa eletrizante a tempestade a chegar Nuvens aglomeram-se como guerreiros desafiadores Trespassando as altas montanhas com se fossem gladiadores Pequenos remoinhos fazem as folhas vibrar E as afoitas formigas correm, correm sem parar Sabem os segredos do tempo, sabem bem o que se vai passar E eu, contemplo o avermelhado majestoso do céu Que em breve estará coberto do negro véu   A noite escurece no silêncio temerário da solidão  Onde as brumas do deserto invadem o (...)