Roda-viva
Já faz algum tempo que simplesmente não consigo vir aqui, nem a este meu pequeno espaço, que também é o meu porto de abrigo, nem espreitar outras leituras que tanto me inspiram, mas recentemente a minha vida tornou-se numa roda-viva de emoções.
Se os primeiros meses foram pautados por uma constante rotina frenética, em que os acontecimentos mais relevantes eram pautados pela nova localização de um jogo ou peça de teatro. Ou seja, tudo em torno dos filhos. Acordar os miúdos, deixá-los na escola, trabalhar, pegar miúdos depois das atividades, casa. E ao fim-de-semana, atividades, teatro, atividades.
Há cerca de sensivelmente um mês, essa harmonia feita de caos foi quebrada. Vi o meu mundo a querer desabar perante os meus olhos e quase impotente sem poder fazer nada. Mas ficar de braços cruzados a assistir ao descalabro da minha vida nunca combinou com a minha personalidade guerreira. Como em tantas outras batalhas, estava mais uma vez por minha conta, com decisões quase por instinto, sempre na certeza que o que estaria a fazer, estaria a fazer por um bem maior, os meus filhos. Nessa altura, lembrei-me daquela famosa expressão: “há males que vêm por bem”, e de facto, foi a altura em que essa expressão fez-me mais sentido. Há coisas que sabemos que têm que ser feitas mas vamos adiando e por vezes é necessário uns abanões da vida, para fazer as coisas acontecer.
Essas batalhas fizeram despertar a minha força, a minha alegria de viver, o amor pelos meus filhos. De um momento para o outro, saio do mundo e percebo que há volta há quem queira a minha amizade, de conversar um pouco, de simplesmente sair para um café.
E nesta roda-vida que tem sido o último mês, não sei como é que o bicho conseguiu apanhar-me. Felizmente, foi só de raspão. A parte positiva, é perceber que afinal há pessoas que se preocupam comigo, e quando são aquelas pessoas especiais, é de ficar com o coração cheio e com aquele brilhozinho nos olhos.