Rio
Rio…
Que nos silêncios das tuas águas lês os meus pensamentos
Que conheces os meus segredos e tormentos
Que desnudas a minha alma dormente
Sabedora do meu amor eloquente
E no entanto
Quando te pergunto, porquê?
Remetes-te ao silêncio profundo
Murmurando, conspirando, ignorando o meu mundo
O meu sofrimento, o meu lamento.
As águas onde chorei já passaram
Já vão distantes
Retidas nas recordações dos amantes
Em que apenas as memórias ficaram...
Mas és rio, majestoso, corres apressado para o mar
Transportas memórias de amores impossíveis
De palavras que nunca foram audíveis
Também outras lágrimas em ti caíram
De amores que um dia acaram
Outros tantos que nunca surgiram
E tu?
Assistes indiferente à passagem do tempo
A quem a ti confessou o seu lamento
Mas sabes, rio!
Eu conheço o teu curso, por onde vais passar
E a mensagem que em ti deixei
Um dia alguém a poderá encontrar!