Rabiscos
A vida são meros rabiscos
Que nas areias do tempo teimamos em desenhar
Por vezes surpreende-nos uma obra de arte
Admirável, memorável, de um universo à parte
Outras… pedras lançadas ao vento difíceis de decifrar
Não obstante a virtuosidade de saber rabiscar
De transformar, de idealizar, de concretizar
Dos pontos das constelações saber ligar
Torna-se inútil, se a ponta do lápis apenas esborratar
Assim é a vida, assim é o amor…
Assim é a alegria, assim é a dor
Por vezes são traços finos quebrados
Escondendo segredos encriptados
Outras... traços grossos desmaiados
Incapazes de se tornarem seres amados
Queria alguém para quem eu não fosse um rabisco
Um mero esboço traçado numa noite de luar
Perdido numa qualquer melodia
Que desaparece com o despertar do dia
Mas a vida é assim mesmo… feita de rabiscos
Por vezes acerta-se… raramente, penso eu
Há traços de uma vida que nunca saíram do lugar
Desenhos tristes de uma vida amargurada
Em que o amanhecer é apenas mais uma madrugada
Outras… são curvas desvendadas ao luar
Perdidas em sorrisos de encantar
Corpos suados na ânsia de amar
De amar com paixão
De sentir com o coração
E quando se acertar no traço…
Todo o nó vira um laço