Poesia de ti
Fui poesia de ti
Que nunca soubeste ler
Foram apenas cantigas de amigo
De escárnio e maldizer
E eu só queria as cantigas do teu amor
Mas nem isso consegui escrever
Sílabas esvoaçantes em papiros dourados
Versos perdidos em ventos rasgados
Simbiose carregada de dor…
Foste poesia de mim
Cantos que no encanto me perdi
Sílabas afónicas
Manto do que eu senti
Escritas neste frenesim
Fantasiadas em lençóis de cetim
Mas que eu nunca vivi
Meras quimeras crónicas
Fomos poesia nunca outrora declamada
Palavras afamadas no templo perdido
Sentimentos rodeados de uma intensa paixão
E nós sem noção
Ousando viver um amor proibido
Num mar de lágrimas ungido
Vividos numa história apaixonada
Foste poesia do que senti
E eu?
Fui apenas poesia de ti