O coração e a razão
Habitam em mim sentimentos que não consigo decifrar
Bichinhos carpinteiros cozinhando o meu destino
Que desatino
Palavras enredadas em teias que não consigo soletrar
Nem sílabas, nem frases, nem noites ao luar
Somente uma dor, um ardor
Inexplicável, implacável
Que trespassa o âmago do meu ser
Sem amanhecer, sem anoitecer
E eu, só queria saber a razão
Das gaivotas fugirem da tempestade
Ai que saudades
De sentir o coração ao vento
Perdido no tempo
Voando nas asas da liberdade
Sentindo coisas sem explicação
Que os anciãos chamam de paixão
Mas a razão, essa, diz que tudo é ilusão
Mas que sabe ela do que se passa no coração
Do sangue que fervilha nas veias
De sentir a epiderme a arrepiar
Não de frio, mas de prazer
Das borboletas a esvoaçar
Dos jantares à luz das candeias
Mas como pode ela saber
Se vive aprisionada no raciocínio lógico
Lógico?
Andorinhas na primavera, castanhas no outono
Inverno com frio de arrepiar, e o verão? Calor de escaldar
Lógico???
Eu não quero um amor lógico explicado em fórmulas matemáticas
Ou escrito nas artimanhas do destino
Quero livre arbítrio
Eximia química, estonteante física, átomos a esvoaçar
Coração a palpitar
Hormonas, feromonas, coisas difíceis de explicar
Exaltando os mais nobres sentimentos
Viver o amor sem arrependimentos
E se a razão tiver razão
E se tudo for apenas um sonho, uma ilusão
Então não quero mais acordar
Porque eu, nasci para te amar