Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

O Amor

03.12.22, MM

MM o amor.png

Não é que eu ande desacreditado do amor, pois essa, será sempre a minha eterna e derradeira esperança. Mas sinto que eu e o amor andamos desencontrados, como se o universo fosse dividido em duas partes temporariamente idênticas, mas eu que eu estou numa das partes e o amor na outra.  Por vezes tudo parece encaminhado e no entanto, em algum momento, por razões que a própria razão desconhece, os acontecimentos acabam por não fluir, o encanto parece desvanecer, como se todo o universo andasse desalinhado e nada parecesse fazer sentido. Questiono-me se estarei eu a bloquear de alguma forma, as linhas que me possam unir ao amor, à relação que vai para além do senso comum, condenado a amores impossíveis, a amores platónicos, como se as setas do Cupido trespassassem por mim em amores cruzados. Ou talvez o amor não se dê com a timidez, com quem nem sempre teve coragem de expressar os seus sentimentos, de correr atrás de um grande amor com receio de perder a amizade.

 

Mas não o vou trancar a sete chaves, apenas guardá-lo uma caixa de Pandora, permanecendo adormecido até às borboletas voltarem a esvoaçar dentro do meu ser, da minha alma, até voltar a sentir o sangue a fervilhar pelo desejo daquele ardente beijo, até o coração voltar a palpitar, de sentir a  pele a arrepiar na ânsia de outra pele tocar, envoltos naquele terno brilho no olhar, da cumplicidade sem necessidade de falar, até voltar-me a apaixonar. 

 

Talvez o amor surja numa noite ao luar, num passeio à beira mar, no meio de um qualquer jardim ou até mesmo fazendo amor em lençóis de cetim. Talvez surja num jantar à luz das velas, numa qualquer manhã solarenga de inverno, onde um abraço pode descongelar dois corações adormecidos, aquecendo-os numa tórrida paixão, roupas pelo chão, perder a noção do tempo e do espaço. Talvez descubra que o amor anda por aí, à espera que lhe dêem uma oportunidade de se sentir nas asas do vento,  de sentir novamente o doce sabor da liberdade, de amar, de encantar, de abraçar forte e não mais largar.

 

Por isso, hoje não vou procurar o amor, vou cantar, dançar, aproveitar a vida, brindar à amizade e à intensidade dos momentos, sentir o perfume da natureza a despertar, o sonido das ondas do mar, o brilho das estrelas e da lua a encantar.  Vou simplesmente viver o desassossego, de quem ousa acreditar, que o amor pode estar em qualquer lugar.

 

3 comentários

Comentar post