Momentos de solidão
Pressinto na brisa eletrizante a tempestade a chegar
Nuvens aglomeram-se como guerreiros desafiadores
Trespassando as altas montanhas com se fossem gladiadores
Pequenos remoinhos fazem as folhas vibrar
E as afoitas formigas correm, correm sem parar
Sabem os segredos do tempo, sabem bem o que se vai passar
E eu, contemplo o avermelhado majestoso do céu
Que em breve estará coberto do negro véu
A noite escurece no silêncio temerário da solidão
Onde as brumas do deserto invadem o pensamento
Lembranças, inseguranças, o mesmo tormento
Ventos agrestes e mais um fragmento caído do coração
Relâmpagos invisíveis iluminam uma casa abandonada
Em trovões sem ecos numa alma anestesiada
Deambulando solitária e desamparada
Rosto caído, olhar no chão
Mais uma lembrança, mais um momento de solidão
Rangem as árvores no compasso dos ventos
Melodias sonoras nos acordes dos meus lamentos
Recordações que não passaram no crivo dos tempos
E eu aqui, recordando esses ternos momentos
Lágrimas chorosas caindo na chuva copiosamente
Reflexos de um amor proibido, escondido, latente
Afogado em mais um copo de vinho numa lareira ardente
Dormências, clarividências ou penitências
Alma perdida num corpo moribundo
Desejando parar o tempo por um segundo
Regressando ao dia em que te conheci, que em ti vivi
Mais um recordação, mais um fragmento caído do coração
Rosto caído, olhar no chão
Mais uma lembrança, mais um momento de solidão