Ilusão
Já não vejo o manto de estrelas que cobriam o céu
Nem o por-do-sol que cobria o teu véu
Desacreditei do amor, assim
Folhas caídas num qualquer jardim
Sem cor nem odor, carregadas de dor
Da minha dor, do meu silêncio
Mergulhado nas sombras do breu
Que invadem a minha alma
Nua, crua, sem essência
Mera existência
Perdida num qualquer lugar
Sem versar o verbo amar
Já não vejo a primavera colorida
Já não esvoaçam borboletas do meu estômago
E eu sem âmago
Vivo sem sentir o calor
Apenas dor, desacreditado do amor
Onde o verão virou ilusão
Frio, moribundo
Pétalas caídas do meu coração
E sem noção, vou mergulhando no profundo outono
Que me desnuda
Na ferida nunca cicatrizada
Numa alma aluada
Sem lua
E eu só sonhava ter-te nua
No meu leito de perdição
E sem noção, aguardando a união dos corações
Mas na tua barriga não fervilha o calor da paixão
Apenas o gélido vento do norte
E eu, entregue à minha sorte
De um amor anunciado à morte
Que desilusão
Mais uma facada no coração
Que não gela
Apenas congela
Num frio invernal ardendo num fogo infernal
Que me consome
Numa dor que não dorme
Apenas entra em hibernação
Dor virando ilusão
De uma falsa felicidade
E eu, apenas queria mais que a tua amizade…