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Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

Equilíbrio

16.03.23, MM

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Vamos aos poucos perdendo o equilíbrio da vida. Quando nos perguntam se estamos bem, está supostamente predefinido dizer que sim, porque é isso que as outras pessoas esperam ouvir, de forma a que cada um possa prosseguir o seu caminho, sem aquele constrangimento de não ter tempo para ouvir os dramas e os dilemas de outra pessoas, tanto mais, que todos nós já carregamos a nossa cruz. Mas muitas vezes aquele "estou bem" é o primeiro grito de um apelo mudo mas desesperado à espera que alguém o ouça, que saiba ler nas entrelinhas. Prosseguimos como se nada fosse e diariamente repetimos as mesmas ações, as mesmas palavras. Chegados a um ponto de exaustão, já não queremos que nos leiam os pensamentos e muitos menos os tormentos que insistem em fustigar a alma, fustigar o coração. Os simples obstáculos passam a imensuráveis e os sonhos passam a utopias, quimeras que se desvanecem dia após dia. Já somos corpos sem alma, vagueando pelo quotidiano,  sem a alegria das pequenas coisas da vida, sem o deslumbramento dos pequenos gestos, em olhares que  já não seduzem, não deslumbram, em toques que já não fazem estremecer quem quer que seja. Entramos em piloto automático e sorrimos em frases pré feitas e politicamente corretas. A apatia toma conta de nós numa autoconfiança totalmente desmoronada. Já não dizemos bom dia à vizinha que está à janela, já não nos baixamos para apanhar a bengala de uma senhora idosa, já não ajudamos uma criança a atravessar a estrada. Passamos a ser meras personagens de um qualquer jogo à espera de indicações que nos façam mover, sem qualquer livre arbítrio, sem iniciativa, sem sonhos, sem esperanças, sem amor… até que nos tornamos invisíveis, meras recordações perpetuadas nos velhos anuários da escola ou lembrança de um qualquer arquivo dos recursos humanos.

Lembram-se de como tudo começou? A verdade nua e crua, é que nem sempre estamos bem, nem sempre encontramos em nós forças suficientes que nos permitam enfrentar as vicissitudes da vida. A aparência é apenas isso e somos seres influenciados por um conjunto de fatores sociais, emocionais, profissionais. Muitas vezes não conseguimos lidar com os nossos fantasmas interiores, com decisões tomadas no passado, lidar com a dor do arrependimento ou com a ansiedade do que possa acontecer. E mesmo rodeados de centenas de pessoas, nenhuma parece demonstrar a mínima empatia, antes pelo contrário,  sentimos na pele a pressão da sociedade e recusamos dar aquele firme passo de seguir em frente, de conquistar a liberdade e a felicidade. Lembram-se de como tudo acabou? Numa mera recordação esquecida no tempo, lembrança vaga que um dia existiu alguém que preenchia aquele lugar mas que já nem nos lembramos bem quem. E eu pergunto-me: vale a pena acabar assim?

E entre quando tudo começa e tudo acaba, podemos e devemos fazer toda a diferença, quer na nossa vida, quer impedindo que outras pessoas caiam no espectro da invisibilidade. Por vezes a vida vira-nos do avesso e acordamos, outras vezes surgem anjos na nossa vida que com simples palavras despertam o melhor que há em nós e há ainda pessoas que têm o dom de incendiar de tal forma a nossa vida, que renascemos das cinzas, erguemos-nos e recuperamos o equilíbrio da vida, vivendo a vida como sempre a deveríamos ter vivido. 

A frase que mais repito para todos e principalmente para mim mesmo é: Nunca é tarde para recomeçarmos, nunca é tarde para sermos felizes, e sobretudo acreditar sempre, que o melhor ainda está para vir!

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