Entre estações
Não me procures nos dias frios de inverno
Se em ti não houver chama que eu possa acender
Nem dos dias quentes de verão
Se o meu toque não fizer a tua pele arrepiar
Procura-me quando a minha saudade em ti bater
Sufocos ritmados de um coração a palpitar
Na ânsia urgente dos meus lábios beijar
Não me procures na ilusão das quentes cores outonais
Nem nas sedutores tardes primaveris
Onde os passarinhos cochicham coisas banais
E as minhas poesias são apenas palavras triviais
Procura-me o ano inteiro em qualquer lugar
Nos campos floridos ou nas noites de luar
Nos trilhos abandonados ou em céus estrelados
Procura-me quando sentires o amor a arder dentro de ti
Fogo ardente de um coração a explodir
De amor, de paixão, de desejo, de tesão
Desejos secretos de em mim queres te vir
Não me procures para falar de canções de amor
Se apenas pretendes esconder a tua própria dor
Nem despertar em mim sentimentos
Se só puderes alimentar sofrimentos
Nem tão pouco apelar ao meu coração
Se apenas quiseres matar a solidão
Procura-me no infinito das noites celestiais
Dedos cruzados, corpos entrelaçados
União perfeita em gritos ofegantes
Prazeres carnais
Em caminhos luxuriantes
Eu em ti e tu em mim
Penetrando o teu doce jardim
Até fazer as estrelas corar
Procura-me entre estações
No ocaso e no crepúsculo
Onde os sonhos não são ilusões
E no entardecer
Ver o sorriso no teu rosto
De felicidade, de verdade
De nos meus braços matares a tua saudade
Jantar à luz das velas ao som das ondas do mar
Procura-me antes da estação terminar...