E os ventos já não sopram...
E os ventos já não sopram
Barcos já não vão para o mar
Velas já não são içadas
Esmorece-se na maresia o olhar
E os ventos já não sopram
No horizonte não há poeira no ar
Silêncios dormentes que sufocam
Almas que não conseguem acalmar
E os ventos já não sopram
Já não fazem o balão voar
Olhar triste de uma criança
Perdida em sonhos de encantar
E os ventos já não sopram
Aprisionados em redemoinhos e furacões
Tornados transformados em ilusões
Deuses zangados, irados, atormentados
E os ventos já não sopram
Nem contra nem a favor
Águas paradas ardendo em fervor
Caricias que ficaram por entregar
Letras escritas num avião de papel
Declarações, paixões, e outras malícias
Escritas com tinta a saber a mel
Percorridos em caminhos proibidos
Ora esborratados, ora tingidos
Palavras sentidas perdidas no ar
Que a ti não conseguem chegar
Ficaram encalhadas junto ao mar
Reflexos de um coração sofredor
Mas os ventos já não sopram
Aguardam a tua chegada, amor!