Deserto
Espero e eternizo
Por um momento bravio
Onde rosas florescem num deserto tardio
Nuvens refletem a tua imagem
Mas nas quentes areias tudo é uma miragem
Tenho sede, mas a água escorre em mim
Suores frios que não consigo conter
E na quimera do tempo
Apenas te consigo ver
Neste deserto que me avassala
Dilúvios, prelúdios, infortúnios
Marcas passadas, marcas presentes
Almas amadas, almas dormentes
Que futuro neste deserto?
Sina nas areias lançadas
Onde tudo é tão incerto
Fúrias de chamas aclamadas
Oh deusas do além-mar!
Oh musas que partiram sem avisar!
Oh ninfas, oh ninfas!
Mas nem o Xamã vem-me salvar...
E eu continuo
Caminhando sobre um oásis dourado
Gárgulas estendem-me a passadeira
Mas sei que o caminho está agourado
O hipnótico canto surge duma alcoviteira
Mais uma miragem, mais uma quimera
Neste deserto onde me perdi
Nesta vida onde vivo sem ti...