Abismo
Contemplo no horizonte o meu abismo
Emaranhado em teias de psiquismo
Penetro nas tormentas da minha alma
Entro, saio e vou fluindo
E nas torrentes turvas onde não há calma
Há uma paz interior me seguindo
Mergulho num mar de papoilas
Sem atrever-me a provar do seu chá
Mas a hipnose já está dentro de mim
Entranhada no seu perfume a jasmim
E apenas digo ya ya ya
Só apenas balelas cantadas em becos e vielas
Corpos profanados em camas de cetim
E eu aqui estou assim assim
Contemplando no horizonte o meu abismo
Encantando num ego carregado de lirismo
Deslizo no meu subconsciente
Uma porta entreaberta de luz e felicidade
Fecho, fujo, não quero saber
Não quero-me perder de novo na saudade
Talvez seja uma ilusão, uma quimera
Aromas esquecidos da última primavera
E ali estou eu, nem deus nem ateu
Quebrando a promessa que alguém prometeu
E ali estou eu, de olhos postos no destino
Um destino que é só meu...