a viagem
Na essência dos meus fragmentos, habitam memórias perdidas no tempo e no espaço. São memorias do que foi e do que podia ter sido e inevitavelmente coloco a questão: o que teria acontecido se naquele tempo houvesse redes sociais? Eu um rapaz tímido sem grande jeito para conviver com o sexo oposto, refugiado imensas vezes no campo da escola querendo apenas jogar à bola.
E é já nesse meu tarde despertar que começo a desfragmentar as minhas memórias, a minha viagem. E esta não começo com uma viagem qualquer, era aquela viagem realizada vezes sem conta, em busca da emancipação, da descoberta, da afirmação. Viagens onde a adrenalina faziam disparar o coração num misto de emoções e sensações, entre risos e loucuras, algumas delas de olho no "pica", percorrendo as carruagens até ao limite, sempre na companhia na minha nova mas inseparável amiga nestas andanças. Uma amiga para toda a vida!
Foram provavelmente dos melhores tempos da minha adolescência/juventude. Um troço de apenas uma paragem mas que me levava para um mundo completamente diferente. Novas descobertas, novas loucuras e muita cumplicidade vivida sempre no extremo do que podia acontecer mas que nunca aconteceu, pois éramos os melhores amigos.
Foi o bilhete para ajudar a formar a minha personalidade, para viver amores e desamores, de aventuras com novos amigos e de jogos de snooker intermináveis, de "cravar cigarros sem nunca ter fumado, dos "tangos" bebidos ao inicio da tarde, das loucas danças e dos arranjinhos, numa era em que quase tudo era inocente!
Perdura no tempo uma amizade que ficou para a vida, vivida de forma intensa, onde a cumplicidade existia num simples olhar, num pensamento partilhado, em abraços de despedida intermináveis, abraços sinceros e que reconfortavam a alma (saudades desses abraços). Mas crescemos... e um dia tive necessidade de continuar a minha viagem, e apesar de estarmos longe, de seguirmos caminhos diferentes, continuas a fazer parte dos fragmentos mais importantes da minha vida, porque a amizade não tem que ser perfeita, tem apenas que ser verdadeira!
Capitulo I - Fragmentos