Fragmentos de Miguel Moreno

Leva me a casa

Nas noites frias de inverno 

Acende-me a chama

Incendeia-me de prazer

Que eu quero ver a lareira a arder

A interior pois claro

Deleitados no sofá ou na cama

Tanto faz

Que hoje não quero paz

Quero a insanidade, a leviandade 

Dos dedos entrelaçados 

Dos corpos suados

Leva me a casa

Nas noite quentes de verão 

Que hoje eu quero a ousadia

Roupas espalhadas pelo chão

Perderemos-nos na eloquência do momento

Que intento

Corpos entrelaçados 

Dedos percorrendo as costas suadas

Gemidos espaçados 

Arritmias, sintonias, loucas sinfonias

Lábios que sobem

Lábios que descem

Lábios que se encontram

No centro do prazer

Envolver, agitar, permanecer 

Até ao fim

Assim

Dança sensual

Respirações ofegantes

Movimentos alucinantes

Até ao suspiro final

Leva-me a casa

Não à minha, não à tua

Que eu quero a brisa do mar

Olhar a lua

Despir-te com o olhar 

Sentir a pele arrepiar

Não de frio, de prazer

No desejo daquele beijo

Que faz esquecer o mundo

Num abraço profundo

De te ter em mim

E eu em ti

Fazer amor no nosso jardim

Leva me a casa

Nas noites frias de inverno 

Embala-me num abraço 

Faz-me esquecer o inferno

Apazigua-me a dor

Liberta-me do cansaço 

Enquanto ouvimos canções de amor

Leva me a casa

Nas noites quentes de verão

Onde a lua é feiticeira

E a carne pode ser trapaceira

Embala-me em sorrisos sinceros

Faz o vinho descer pela minha boca

Que hoje eu quero sentir a alma louca

Sem pensar no que virá depois

Aproveitar o momento

Por entre beijos e abraços 

Ficarmos de pés descalços 

Dançamos os dois?

Leva-me a casa

Não à minha, não à tua

Que eu não quero paredes cruas 

Quero a alma nua

Onde a aura é bonita

Luz própria feita de sentimentos 

De amor, pois claro 

Que a pele não vibra em qualquer frequência

Nem se perde na eloquência

De um simples olhar

E no desejo que em mim habita

Muito para além da paixão

Há um desejo maior

De fazer morada no teu coração