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Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

Manto de ilusão

27.06.24, MM

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Vivemos num tempo em que o tempo ficou escasso

Maratonas desenfreadas em pequenos nadas

Já não ouvimos os apelos do coração 

Gritos mudos de quem anseia um abraço 

Mas não há tempo… “fica para uma próxima” 

Lágrimas derramadas num manto de ilusão 

 

Choramos o tempo perdido atrás da pessoa errada

E nesse tempo de luto perdemos a pessoa certa

Lamentamos o tempo que não demos à pessoa amada

E nesse tempo mais alguém vai embora 

E nesse tempo outra alguém namora

E nesse tempo a alma parte para parte incerta

 

Foge-nos o tempo por entre os dedos de uma mão 

Finos grãos de areia numa varinha de condão

Desmoronando como um castelo feito de cartas

Promessas lançadas aos ventos da ilusão 

Aguardando o momento perfeito 

Que patético!

Chegar ao fim do trilho e nada ter vivido

E pensar que tudo foi um ato poético

E aquele abraço que ficou por dar?

E aquela noite de amor ao luar?

E aquele beijo?

Ah aquele beijo! Esse… também ficou por dar…

Não há tempo… “fica para uma próxima” 

Lágrimas derramadas num manto de ilusão

Demências clemências urgências

24.06.24, MM

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Demências clemências urgências

Corpo que no teu corpo se quer perder

Libidinosidades carregadas de prazer 

No âmago do meu ser

Incandescências turbulências indecências 

Onde tudo parece resplandecer

 

Viajo para além do imaginário 

Semi-nua, semi-luz, semi-nova

Vontade crua de um desejo que reluz

Em mim, em ti, em nós 

Desejo incessante de estarmos a sós 

 

O lusco-fusco fez cair o teu vestido

Sombras que dançam no teu ventre desnudado

Sensualidades que chamam por mim

Numa chama insana

Que queima, que não engana

Desejos secretos de te ter na minha cama

Desnudada

Fazendo-te sentir amada

Vontade voraz de te possuir 

Respiração ofegante

Toques de sensualidade

Percorrendo o teu corpo até fazer vir

Olhares que se cruzam no mais sincero sorriso

E eu sem juízo

Viajo pelas estrelas esvoaçantes 

Demências clemências urgências

De em ti plantar as minhas sementes

Poesia de ti

15.06.24, MM

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Fui poesia de ti

Que nunca soubeste ler

Foram apenas cantigas de amigo

De escárnio e maldizer

E eu só queria as cantigas do teu amor 

Mas nem isso consegui escrever 

Sílabas esvoaçantes em papiros dourados

Versos perdidos em ventos rasgados

Simbiose carregada de dor…

 

Foste poesia de mim 

Cantos que no encanto me perdi

Sílabas afónicas 

Manto do que eu senti

Escritas neste frenesim 

Fantasiadas em lençóis de cetim

Mas que eu nunca vivi

Meras quimeras crónicas 

 

Fomos poesia nunca outrora declamada

Palavras afamadas no templo perdido

Sentimentos rodeados de uma intensa paixão 

E nós sem noção 

Ousando viver um amor proibido 

Num mar de lágrimas ungido

Vividos numa história apaixonada

Foste poesia do que senti

E eu?

Fui apenas poesia de ti

Retrospectiva

12.06.24, MM

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Olá meu amor, 

Minha princesa 

Menina bonita do meu coração 

Minha musa de inspiração 

 

Relembro todos os bons momentos partilhados

Do teu sorriso que me fazia encantar

Das promessas de ao pôr do sol caminhar 

Da ânsia dos teus lábios beijar

De viver o velho sonho de sermos namorados

 

Mas hoje desisto de ti

Não por te deixar de amar

Mas em retrospectiva eu penso 

Que não te posso mais desencaminhar

Que foste a minha mais linda história de encantar

 

Versos já não sei escrever

Sou papel amarrotado em tinta desbotada

Sílabas escritas com o sal das minhas lágrimas 

Que caem sem cessar

De aqui não te ter

De não te poder amar

Águas estagnadas nos choros do meu viver

Sem o aconchego do teu abraço 

E eu só queria nas curvas do teu corpo me perder

Beijar-te ao amanhecer 

Dizer-te amo-te no teu doce acordar

Porque é isso que eu sinto 

E sinto muito

Contigo não poder estar…