Manto de ilusão
Vivemos num tempo em que o tempo ficou escasso
Maratonas desenfreadas em pequenos nadas
Já não ouvimos os apelos do coração
Gritos mudos de quem anseia um abraço
Mas não há tempo… “fica para uma próxima”
Lágrimas derramadas num manto de ilusão
Choramos o tempo perdido atrás da pessoa errada
E nesse tempo de luto perdemos a pessoa certa
Lamentamos o tempo que não demos à pessoa amada
E nesse tempo mais alguém vai embora
E nesse tempo outra alguém namora
E nesse tempo a alma parte para parte incerta
Foge-nos o tempo por entre os dedos de uma mão
Finos grãos de areia numa varinha de condão
Desmoronando como um castelo feito de cartas
Promessas lançadas aos ventos da ilusão
Aguardando o momento perfeito
Que patético!
Chegar ao fim do trilho e nada ter vivido
E pensar que tudo foi um ato poético
E aquele abraço que ficou por dar?
E aquela noite de amor ao luar?
E aquele beijo?
Ah aquele beijo! Esse… também ficou por dar…
Não há tempo… “fica para uma próxima”
Lágrimas derramadas num manto de ilusão