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Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

Quebrar a sensatez

24.09.23, MM

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Não voltes ao lugar onde já foste feliz

Ditam as regras da sensatez

Mas à razão o coração contradiz

Que todas as histórias têm “era uma vez”

 

Não voltes ao tempo onde habitou a felicidade

Memórias de um tempo que avançou e nada restou

Mas no desígnio do tempo foi forjada a saudade

De um amor eterno que nunca sarou

 

Não voltes ao que não podes voltar

Ecoa no vento a sabedoria ancestral

Mas se até os ventos regressam ao mesmo lugar

Que há de mal afinal?

 

O vinho não foi entornado

O vestido não foi rasgado

Os corpos não se entrelaçaram à hora marcada

Nem os lábios foram beijados

Mas em cada madrugada

Há um novo renascer

Uma nova dança, nova aliança

De um universo por explorar

Eu e tu

Corações ousando versar o verbo amar

Do verdadeiro amor

Escrito nas entrelinhas do universo

E no seu reverso

Quebrar todas as regras da sensatez

Revelando nas curvas do teu corpo a minha nudez

Corpos suados reescrevendo a história

Nossos nomes tatuados para futura memória

E num qualquer jardim ou mural

Aquela frase lamechas e sentimental

Que pode existir um feliz final

Ilusão

23.09.23, MM

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Já não vejo o manto de estrelas que cobriam o céu

Nem o por-do-sol que cobria o teu véu

Desacreditei do amor, assim

Folhas caídas num qualquer jardim

Sem cor nem odor, carregadas de dor

Da minha dor, do meu silêncio

Mergulhado nas sombras do breu

Que invadem a minha alma

Nua, crua, sem essência

Mera existência

Perdida num qualquer lugar

Sem versar o verbo amar

 

Já não vejo a primavera colorida

Já não esvoaçam borboletas do meu estômago

E eu sem âmago

Vivo sem sentir o calor

Apenas dor, desacreditado do amor

Onde o verão virou ilusão

Frio, moribundo

Pétalas caídas do meu coração

E sem noção, vou mergulhando no profundo outono

Que me desnuda

Na ferida nunca cicatrizada

Numa alma aluada

Sem lua

E eu só sonhava ter-te nua

No meu leito de perdição

E sem noção, aguardando a união dos corações

Mas na tua barriga não fervilha o calor da paixão

Apenas o gélido vento do norte

E eu, entregue à minha sorte

De um amor anunciado à morte

Que desilusão

Mais uma facada no coração

Que não gela

Apenas congela

Num frio invernal ardendo num fogo infernal

Que me consome

Numa dor que não dorme

Apenas entra em hibernação

Dor virando ilusão

De uma falsa felicidade

E eu, apenas queria mais que a tua amizade…

Abraço

06.09.23, MM

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Queria fazer do teu abraço a minha morada

Levar-me ao céu, chamar-te de minha amada

Permanecer dentro de ti, assim

Fazendo amor em lençóis de cetim

E depois, abraçar-te, amar-te

Permanecer em ti, em mim

Aguardando na noite o fim

Da espera, e quem me dera

Recomeçar

Regressar à madrugada

Chamar-te de minha amada

Reiniciar

Renascer

Voltar a viver

Este amor em ti, sem fim

Renascidos num abraço

Desatar os nós, fazer um laço

Reunir todos os pedaços

Reconstruir o coração

Sentir a emoção, viver a paixão

Em ti, no mesmo compasso

Calor partilhado

Corações a palpitar

Ser o teu amado

Renascer

Voltar a amar

Reiniciar

Perder-me de novo no teu abraço