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Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

Vento do Norte

25.06.23, MM

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Vou vivendo em fogo cruzado

Chamas ardentes que teimam em queimar

Pensamentos que alucinam no coração

E eu sem noção

Sigo caminhos desnorteados

Tentando a absolvição alcançar

Mas não me assiste a razão

E eu vou vivendo em sentimentos ostentados

Que não consigo controlar 

 

Talvez o meu destino esteja trilhado

Talvez o vento do norte esteja delineado

 

Caio, levanto e teimo em continuar

No horizonte há sempre alguém com aquele olhar

Fogosidades de quem me tenta intimidar

Mas o meu fogo não se afaga com água tépida

Vivo numa alma intrépida 

Que não se deixa domesticar

E eu caio, levanto e teimo em continuar

 

Talvez o meu destino esteja trilhado

Talvez o vento do norte esteja delineado

 

Viajo nas asas da minha imaginação

Lembranças reencarnadas de noites sonhadas

Ardências que no corpo fizeram paixão

Ai coração ai coração

Porque foste te apaixonar

Por quem te foste apaixonar

Areias movediças na alma teimam em queimar

Mas o meu fogo não se afaga com água tépida

Vivo numa alma intrépida 

Que não se deixa domesticar

E eu caio, levanto e teimo em continuar

 

Talvez o meu destino esteja trilhado

Talvez o vento do norte esteja delineado

 

Erotismos - Abraço-te por trás

14.06.23, MM

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Abraço por trás. Nesse momento quebro todas leis físicas do universo. Ouso desafiar a forte química que existe entre nós. 

Tudo começa quando nos encontramos num mero acaso da vida, ou talvez não, talvez estivesse mesmo escrito nas entrelinhas de um destino forjado em papiros mágicos desde o início dos tempos imemoriais.

A ideia é bem simples, bebermos qualquer coisa refrescante naquele fim de tarde quente. Mas “simples”, foi sempre um conceito complicado entre nós, e essa ideia inicial, perde-se logo a meio do percurso, fazendo o desvio até ao encantado miradouro, de onde se avista o hipnótico rio e as sedutoras luzes da cidade. A brisa das alturas faz esvoaçar o teu vestido pelas ondas da minha imaginação, percorrendo o secreto desejo que sempre ardeu dentro de mim,  de libidinosamente descobrir os encantos sobre as vestes que cobrem o teu corpo. Prosseguimos sorridentes o percurso traçado e quase a chegar à parte mais alta, estendo-te a mão com o intuito de te ajudar a subir, mas o impulso usado, faz com que coles o teu corpo quente ao meu, fazendo-me estremecer qual terramoto numa escala absurda, tornando audível o palpitar do meu coração e simultaneamente, faz aumentar o volume do meu desejo, tornado-se quase visível da lua.  Afastamos-nos ligeiramente e continuamos até ao ponto mais alto que conseguimos alcançar. É nesse momento, nesse preciso instante, em que o meu racional quase deixou de existir, que toma conta do meu ser, numa coragem que eu mesmo desconhecia. Abres os braços ao vento tal qual cena de um filme e, nesse momento, abraço-te por trás, num abraço terno mas seguro do meu desejo, do meu querer, emanando os meus mais secretos devaneios de ter o meu corpo entrelaçado no teu. Aconchegas carinhosamente os meus braços enquanto encostas o teu rosto ao meu. Olho o horizonte onde o sol parece envergonhado, escondendo-se numa paisagem avermelhada exaltando a paixão. Beijo o teu rosto com carinho, uma e outra vez, até ao ponto em que os nossos lábios se tocaram suavemente, num enlace demorado e ardente. Sorrimos num olhar cúmplice, cientes que tínhamos quebrado todas as regras universais, que teríamos que acarretar todas as consequências dos nossos atos. Mas naquele preciso momento, era o que menos importava. Desejávamos as ardências carnais, dos desejos outrora proibidos, da fogosidade dos eternos amantes.

As minhas mãos parecem possuídas por livre arbítrio, percorrendo todos os recantos do teu corpo, numa excitação partilhada e que ia aumentando a cada respiração ofegante, a cada desvendar de lugares mágicos que fazem a pele arrepiar, que fazem o corpo estremecer. Sussurro-te ao ouvido o meu desejo, o meu amor. O astro rei dava lugar ao lusco-fusco, deixando a feiticeira lua reinar. Percorro atrevidamente o teu peito libertando a roupa íntima que o cobre. Apodero-me os teus seios firmemente com as duas mãos, enquanto faço os meus lábios palmear o teu pescoço desprotegido. Perdemos a noção da realidade, do tempo, do espaço. Fricciono o meu corpo contra o teu. Sentes o volume da minha excitação a aumentar em cada balançar do teu corpo, em cada movimento libidinoso. Ensaiamos uma dança sensual ao som de uma música imaginada, contemplando maravilhados as primeiras estrelas, ás quais secretamente pedimos desejos.

Faço uma das mãos descer ao longo do vestido até ao teu ventre e, com a suavidade da ponta dos dedos, ouso percorrer caminhos que te fazem reter a respiração, que te fazem contorcer. Viras-te, beijas-me a boca com um desejo de quem me quer possuir, de quem ser possuída. Seguro-te pela cintura e elevo o teu corpo rodopiando-o. Elevo-te mais um pouco segurando-te pelas pernas. Gritas num misto de entusiasmo, liberdade, medo e excitação. Deixo o teu corpo cair lentamente fazendo as minhas mãos percorrer os contornos do teu corpo por dentro do vestido. Sorris, mordiscas o lábio inferior e colocas os braços em volta do meu pescoço. Dançamos mais um pouco, sentes as minhas mãos a balançar entre a cintura e as curvas dos caminhos que me levam ao centro do prazer, do teu segredo. Retiro-te a última peça de roupa íntima e vou beijando as tuas pernas de baixo para cima. Seguras-me na cabeça levando-a exatamente ao lugar que ambos desejamos. Os teus gemidos tornam-se audíveis e a respiração ofegante. Percebes na forma como te toco, o urgente desejo de te levar ao paraíso. Pausas o momento, levantas-me e começas a desabotoar-me a camisa quase arrancando os botões, beijando e mordiscando-me o peito. Despes-me completamente fazendo a tua boca percorrer todo o meu corpo, procurando os meus pontos fracos, despertando os meus sentidos mais eróticos. Levantas-te, caminhas um pouco fazendo ondular o teu vestido de forma provocatória e páras repentinamente. Deixas cair o vestido e deitas-te sobre a relva ainda morna daquela tarde quente. Olhas para mim e começas a acariciar-te como que convidando a continuar. Sabes bem que fervilhava no meu sangue o desejo de te possuir, de entrar em ti, de nos tornarmos num único corpo entrelaçado em movimentos que nos levam à plenitude do paraíso, às portas do céu, com a capacidade extra-sensorial de ver as estrelas, os cometas, os buracos negros e toda a infinitude do universo. Deito-me sobre ti, fazendo percorrer os meus lábios ao longo do teu corpo até nos beijarmos. Entrelaço os meus dedos nos teus e prendendo-os, ajusto o meu corpo ao teu, e olho-te nos olhos, penetro-te no corpo e na alma. Gemes e susténs a respiração, beijando-me de seguida. pausamos um pouco enquanto contemplamos aquele momento mágico. Mas queremos mais, os nossos corpos imploram por mais, por muito mais. Começo a fazer movimentos lentos inicialmente mas que vão ficando cada vez mais velozes, mais intensos, mais descontrolados. Os gemidos passam a gritos que ecoam pelos montes, a respiração torna-se ofegante e os batimentos cardíacos parecem dançar ao ritmo dos nossos corpos. Que loucura, que doçura, que tesão que fervilha nos nossos pensamentos. Caminhamos para o êxtase final a passos largos e nenhum de nós quer pausar ou adiar. Queremos sentir o orgasmo um do outro, de sentir os fluidos a misturarem-se, de sentir o prazer em toda a sua plenitude. E quando ambos sentimos que estamos naquele êxtase final, simplesmente deixamos fluir, em gritos audíveis, em gemidos eloquentes, em espasmos espontâneos de dois corpos que não se querem controlar, que apenas desejam dar e receber os prazeres carnais. Por fim o grande orgasmo, o big bang, a viagem do corpo e da alma por lugares paradisíacos.

Regressamos ao mundano, aos nossos corpos e à nossa existência. Os corpos já saciados descontraem agora livremente, a respiração volta lentamente ao normal, os batimentos cardíacos já não dançam ao ritmo dos movimentos, mas sim ritmados com os batimentos em uníssono dos nossos corações. Liberto os teus dedos dos meus, mantendo o meu corpo sobre o teu, dentro do teu. Abraças-me forte e beijas-me. Percorres com a ponta dos dedos as minhas costas carinhosamente, enquanto tentas desvendar os segredos do meu olhar. Mas os meus olhos estão completamente encantado por ti, por tudo o que tinha acabado de acontecer. Um sonho tornado realidade.   

Por fim, a inevitável separação corporal. Ouso roubar-te a roupa íntima e ajudo-te a colocar o vestido. Sorris e vais até ao ponto mais alto apreciando o manto de estrelas que parecem sorrir abençoado aquele momento de amor e paixão. Abres os braços como se estivesses a renovar as energias. Abraço-te por trás e sussurro-te ao ouvido:

  • Quem me dera poder partilhar ao teu lado todos estes anoiteceres
  • Quem me dera poder ao teu lado partilhar todos os amanheceres - respondes-me com uma voz embargada

E num beijo demorado, fez-se silêncio. Apenas o som das estrelas e o palpitar dos nossos corações…

Lágrimas

09.06.23, MM

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Em quantas camas terás ainda que dormir

Para perceberes que não são feitas de sentimentos

São meros aconchegos imaginários que um dia te farão partir

Areias movediças onde afogas os teus lamentos

 

Quantas lágrimas terá o teu rosto que derramar

Num coração amargurado que não pára de sangrar

Sonhos desfeitos ecoados no teu olhar

Quimeras perdidas de quem apenas desejava amar

 

Em quantos corpos terás ainda que tocar

Quantas bocas terás ainda que beijar

Quantos orgasmos terás ainda que fingir

Quantos sentimentos terás ainda que mentir 

 

Quantas declarações de falso amor terás ainda que receber

Palavras ocas derramadas em lágrimas que só te fazem sofrer

Para acreditares que o verdadeiro amor está em cada amanhecer

Sentimentos sinceros partilhados antes de cada adormecer