Não me procures
Não me procures na decência que quem perdeu a essência de quer amar
Somos retalhos perdidos, barcos tingidos a fugir das ondas do mar
Silêncios profundos ecoados na densa maresia e quem diria
Que me afundei nas areias movediças que tatuavam o teu nome no meu coração
E eu sem noção, fui perdendo o chão
Não me procures nas histórias escritas nas entrelinhas das águas salgadas
Refluxos que em redemoinhos apagaram nossos pergaminhos
Quadros pintados em tons de pastel
Menina mulher de olhos cor de mel
Que dos seus encantos me fez encantar
E eu feito menino, perdi-me nas tuas alvoradas
Não me procures quando a nossa música deixar de tocar
Sonidos perdidos atolados em oceanos profundos
Sentimentos guardados em búzios revelados em noites de luar
Mas não estarás lá para me escutar
Estás longe de mim, e eu aqui, sem ti
Sonhos esmorecidos caindo como castelos de areia
E num mar de decepção sou mero vagabundo
Que um dia ousou amar-te numa noite de lua cheia