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Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

Não me procures

28.04.23, MM

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Não me procures na decência que quem perdeu a essência de quer amar

Somos retalhos perdidos, barcos tingidos a fugir das ondas do mar

Silêncios profundos ecoados na densa maresia e quem diria

Que me afundei nas areias movediças que tatuavam o teu nome no meu coração

E eu sem noção, fui perdendo o chão

 

Não me procures nas histórias escritas nas entrelinhas das águas salgadas

Refluxos que em redemoinhos apagaram nossos pergaminhos

Quadros pintados em tons de pastel

Menina mulher de olhos cor de mel

Que dos seus encantos me fez encantar

E eu feito menino, perdi-me nas tuas alvoradas

 

Não me procures quando a nossa música deixar de tocar

Sonidos perdidos atolados em oceanos profundos

Sentimentos guardados em búzios revelados em noites de luar

Mas não estarás lá para me escutar

Estás longe de mim, e eu aqui, sem ti

Sonhos esmorecidos caindo como castelos de areia

E num mar de decepção sou mero vagabundo

Que um dia ousou amar-te numa noite de lua cheia

Perdoa-me

27.04.23, MM

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Desculpa se não te estou a falar

Mas dói demais a tua ausência

Alma cortada quando chega a nortada

E na noite escura brilha em mim a tua essência

Que não me deixa adormecer

Que me impede de te esquecer

 

Perdoa-me se as minhas mensagens não chegam ao destino

Escrevo, apago, sem coragem de as enviar

São as mais belas palavras saídas do coração

Mas fico-me pelo meu desatino

Lágrimas que no rosto não querem secar

Sentimentos puros de amor e paixão

 

Desculpa, se eu tiver que me afastar

Porque me encantei pelo teu doce olhar

Mas sinto que não é ao pé de mim o teu lugar

 

Perdoa-me, se apenas te admirar nas noites de luar

E nos meus sonhos, e na poesia, e no meu coração a palpitar

perdoa-me se um dia ousei te amar

Palavras singelas

16.04.23, MM

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diz-me o que entendes por amor

que de amor eu não entendo nada

aguardo a chegada da noite escura 

mas só ouço o silêncio da madrugada

e ela apenas mostra-me a dor

que no tempo grava e perdura

 

fala-me dos teus singelos sentimentos

das tuas tardes passadas à beira-mar

a ouvir os conselhos que ele tem para te dar

são apenas maresias envolta em dias cinzentos

que invadem o meu dia mundano

palavras projetadas num tempo insano

 

confessa-me os teus amores antigos

paixões arrebatadoras que te levaram ao céu

desejos de quem te possuiu o corpo sem nunca te amar

Repete-me que somos apenas bons amigos

que nem em sonhos ousarei despir o teu véu

e que é uma relação que nunca terá pernas para andar

 

soletra-me a palavra amor sem gaguejar

e se és feliz mesmo sem sentir a pele a arrepiar

nem as borboletas no estômago a querer voar

diz-me o que sentes ao olhar as estrelas

se mexo contigo como aqueles amores de novelas

se no teu coração sentes as minhas palavras singelas

Erotismos - lábios com lábios

15.04.23, MM

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Entrelaço os meus dedos nos teus dedos suados

Língua desenlaçada na tua pele arrepiada

Suave deslizar em segredos por desvendar

Sangue que fervilha no coração em ardente paixão

Que tentação!

Deixar a alma do desejo vaguear sob o teu corpo desnudado

E a lua? Sussurra-me que estás de alma nua

Luz lunar desvendando os caminhos que devo traçar

Trilhos percorridos em leviandade

Contorcionismos ritmados na tua sensualidade

 

Lábios com lábios 

Língua com língua

Beijar, mordiscar, sussurrar

Afagar o teu cabelo despenteado

Que desejo!

Sons gemidos em forma de arpejo

Graves, agudos e vou descendo mais um pouco

Que doçura, que ternura

Que me deixa completamente louco

 

Sigo a rota do ventre baixo que me faz afoito

Trilhos focados nos teus lábios molhados

Caminhos luxuriosos que me fazem pensar

Que pecados posso eu cometer

Antes de chegar ao coito?

 

Viajo de fora para dentro 

Onde o mastro se quer fazer magistral

Corpos entrelaçados em movimentos alucinantes

Sufocos perpetuados em respirações ofegantes

Interjeições, alucinações

Devaneios cósmicos 

Escritos numa pauta musical

Pujantes movimentos atómicos

Até ao êxtase total

 

Entrelaço os meus dedos nos teus dedos suados

Lábios com lábios 

Língua com língua

Beijar, mordiscar, sussurrar

Afagar nossos cabelos despenteados

Beijar, serenar

E por fim

Do sonho acordar

Inseguranças

12.04.23, MM

 

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Habitam em mim inseguranças que não consigo controlar

Sentimentos aprisionados que gostaria de os declarar

Mas a timidez não me deixa avançar

São aquelas coisinhas que mexem com o coração

Que nos deixam indecisos se estamos no inverno ou no verão

Suspiros sufocantes

Ânsias exaltantes

Vida feita de nós

Que não consigo desatar

E então nós?



Queria envolver-te no meu abraço

Apertado, mas sem apertos no coração

Prender-te com um laço

Amarras feitas de paixão

Frio na barriga, borboletas a esvoaçar

E no imprevisto previsível surge mais um suspirar

De tanto te querer

Aqui, ao pé de mim

Assim

Serenando este constante fervilhar

De não te ter

Aqui, ao pé de mim

De mãos dadas, lágrimas amparadas

De felicidade

De um amor de verdade

E eu só queria ter coragem

De contigo embalar nesta viagem…

Contemplar

12.04.23, MM

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Contemplo no horizonte a passagem do tempo solar

Dia que amanhece, dia que desvanece

E é só mais um dia em que nada acontece

 

Contemplo nos segredos da noite o manto estrelar

Desígnios escritos num papiro que lentamente envelhece

Pensamentos aleatórios numa alma que se entristece

 

Contemplo o lusco-fusco absorvendo as ondas do mar

Vazios ocultos num coração que solitariamente padece

Gritos mudos que num silêncio sepulcral prevalece

 

Contemplo tudo aquilo que não posso contemplar

Preso a uma esperança que num sorriso me estremece

Sentimentos puros num amor que não se esquece

Coisas do coração

02.04.23, MM

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Escrevo razões que o meu coração desconhece

Palavras envoltas na densa maresia

Que me amaria?

Vida minha que na passagem do tempo desvanece

 

São amores de outros tempos, de outros lugares

Cantigas de amigo que só de amigos não se querem fazer

Querem o encanto do carnal prazer

Amantes ancestrais que se emaranham em outros mares

 

Escrevo palavras, sílabas tónicas, atónicas, platónicas

Como todos os meus amores parecem ser

Mas que posso eu querer

Se o meu destino parece entrelaçado no teu amanhecer

 

Declamo poemas mudos instigados no meu pensamento

Forças cósmicas possuídas nos versos da minha inspiração

Mas intimamente, só ouço o coração

A palpitar poemas envoltos em lembranças de ti

Cancioneiros intemporais que nos teus olhos eu perdi

 

E assim vou escrevendo

Razões que o meu coração desconhece

E assim vou vivendo

Vida minha que na passagem do tempo desvanece