Amor e poesia
Dizem que há um dia para a poesia
Mas poemas eu não sei escrever
São sílabas esvoaçantes roçando a heresia
Palavras que não ouso te dizer
Queria sentir a minha poesia a correr dentro de ti
Vogais projectadas em fonéticas arrepiantes
Prosas líricas em semânticas estonteantes
Percorridas nas linhas do teu corpo suado
Curvas onde queria me perder extasiado
Mas falta-me a métrica para te conquistar
Decassílabos, monossílabos
Emparelhadas, alternadas
Mas afinal quem quer saber
Quando o corpo implora por prazer?
E o coração? Já perdeu a razão
Delirando em palavras de pura paixão
Queria escrever-te o mais lindo poema de amor
Inspirado nos teus olhos ternurentos
Mas que sou eu se me perco em encantamentos
Palavras escritas projetando sentimentos
Que não tenho coragem de as proferir
E já só desejava nos meus lábios os teus sentir
Aromas profundos que num beijo apaixonante
Mas apenas escrevo poesias carregadas de dor
Ilusões escritas em melódicas canções
Ousando rimar o pôr do sol numa noite de luar
E no fundo, só queria fazer amor contigo à beira mar
E num poema eternizar o que é amar
Mas nem tão pouco sei rimar
Não sou poeta
Não tenho o dom de encantar…