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Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

Perdoem-me...

21.02.23, MM

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Perdoem-me se amei em demasia

Na ânsia de também querer ser amado

Fiz da minha vida uma fantasia

Delírios de um amor sonhado

 

Perdoe-me se me preocupei quando não devia

De tanto querer proteger, cuidar e amar

Fiquei perdido na densa maresia

À espera que alguém me viesse salvar

 

Perdoe-me se não consegui dar-vos o céu

E se apenas viram em mim a noite breu 

Se não consegui oferecer-vos as estrelas ou a lua

Se apenas vos mostrei o jardim no fundo da rua

 

Perdoe-me se não vos levei em viagens alucinantes

Nem vos mostrei todas as luzes da cidade

Hotéis, motéis, resorts e outros lugares cativantes

Mas nunca possui tais riquezas delirantes

 

Perdoe-me se me faltou coragem de correr atrás

Se o medo se sobrepôs ao que sou capaz

Avanços, recuos e outros dilemas

Dramas de um filme que nunca passou em cinemas

 

Perdoem-me se me consideram apenas uma ilusão

Expectativas ausentes do homem que esperavam encontrar

Mas tudo o que dei foi do fundo do coração

Perdoe-me se um dia ousei versar o verbo amar

Delírios eróticos

15.02.23, MM

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Flutuo suavemente pelo inesperado

Onde onde me envolvo na névoa imaginária

Cenários feitos de nuvens de algodão

Que sensação!

Penetrar nos desejos de uma alma incendiária

Consumida pelo fogo da paixão

Vivências cometidas no pecado

 

Continuo mais um pouco no meu delírio hipnótico

Perdido nas curvas imaginadas do teu corpo desnudado

Olho o céu e já está aluado

E eu completamente excitado

De tanto querer o teu toque carinhoso

Surfando nas ondas da minha pele arrepiada

E eu imaginando-te aluada

Por mim

Que frenesim!

Olhares enroscados em jogos de sedução

Que excitação!

Luminescências libidinosas

Corpos entranhados por artes manhosas

Fluindo livremente

Até ao fundo do teu ser

Que prazer

 

Volto ao meu consciente ausente

Tentando serenar o palpitar do meu coração

Por ti, por mim, por nós

Mas em vão

Que destino atroz

Um amor que não se pode amar

Numa vida que não se pode viver

Em sentimentos que não conseguem morrer

E só queria um amor assim

Para mim

Sem destinos destroçados

Sem planetas desalinhados

Sem amantes encalhados

Num cais de perdição…

Quero as vivências daqueles que amam de coração

Eternos amantes aguardando serenamente

A chegada do sol nascente

Embalados em esperanças e eloquências

Luminescências libidinosas

Delírios eróticos

Estados hipnóticos

Olhares enroscados em toques de prazer

E só queria um amor assim

Para mim

Corações a palpitar em noites de luar

Corpos entrelaçados em lençóis de cetim

Amor e saudade

15.02.23, MM

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Está lindo o céu numa noite de tempestade

Ventos ciclónicos trespassam o meu ser

Que estranho prazer

Não te ter e sentir a saudade

De te ver

De te querer

Ao pé de mim

Longe de mim

Que confusão

Que vai no meu coração

Num fogo ardente

Que não se vê, mas se sente

Será paixão

Papoilas hipnóticas criando ilusão

De felicidade

Que estranha sensação 

Sentir borboletas a esvoaçar dentro de mim

Flores silvestres surgindo no jardim

Pássaros voando rumo à liberdade

E eu aqui na saudade

Que inferno!

Ainda estamos no inverno

E eu só sinto a primavera

Campos floridos a brotar

Magia que paira no ar

Dizem os loucos que é o amor

E os cépticos que é apenas dor

Da saudade

Mas eu sinto-me a voar

Para além das montanhas

Para além do imenso mar

Fluxos energéticos de um coração a palpitar

Estrelas brilhando numa noite de tempestade

E eu aqui, sozinho

Sentindo esta saudade

De ti

Ao pé de mim

Dizem os loucos que é o amor

E os cépticos que é apenas dor

Da saudade

Mas a magia paira no ar

E eu só desejava versar o verbo amar

Cafés

05.02.23, MM

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Sempre achei que os cafés eram estabelecimentos de tramas, de dramas, de conspirações e secretas paixões. Lugares onde as histórias mais rocambolescas ganham vida para além da própria vida, uma espécie de antecâmara para os acontecimentos que ainda estão para vir, planeados meticulosamente ao pormenor. Espaços feitos de partículas omnipresentes que descodificam até os mais íntimos pensamentos, os olhares mais indiscretos, as reações mais camufladas. Muitas vezes frequentado pelos mesmos interlocutores que diariamente se cruzam e fazem o ponto de situação, outras vezes, encontros subtis e passageiros, tramas de uma única vez e nunca mais se voltam a ver.

 

Talvez as teias o meu destino tenham sido cozinhadas num qualquer café, com um enredo repleto de artimanhas, carregado de conspirações, de traições, de tramas elaboradas ao mais ínfimo pormenor e que de uma forma ou de outra, delinearam todo o meu destino, toda a minha vida. Talvez também eu tenha sido cúmplice de algumas tramas, vivências de amores secretos, de novas e velhas paixões. Quem sabe até se não delineei o meu próprio destino, feitiços lançados contra o próprio feiticeiro. Talvez tenha, sem querer, envenenado as próprias setas do Cupido, ou pior, talvez tenha tido o amor da minha vida à minha frente, mas sem coragem de segredar-lhe ao ouvido os meus mais sinceros sentimentos, demonstrar-lhe todo o amor que tenho para lhe oferecer, revelar-lhe a imensa paixão e desejos carnais em corpos perdidos no cio da lua. Quem sabe, se não será num café que o meu novo destino será enredado, talvez num olhar cruzado ao acaso, ou num despertar adormecido, ou então numa química explosiva difícil de explicar.

 

Assim são os cafés, um espaço orquestrado e vigiado pela batuta do mestre cafeteiro, pessoa proeminente de sentidos apurados, em que os seus olhos parecem ter câmaras de infravermelhos, atentos a todas as movimentações mais despercebidas ao comum dos mortais, pessoas capazes de ler linguagem corporal, adivinhar pensamentos e com uma perceção extra sensorial capaz de antecipar os próximos movimentos, e no entanto, passam despercebidos neste enredo de tramas, dramas, de conspirações e secretas paixões.

 

Os cafés são assim, carregados de histórias, em que muitas delas, nascem e morrem sem nunca ninguém saber, segredos guardados entre quatro paredes. Outras vezes , é o início de algo que um dia mudará a vida de muitas pessoas para sempre!

Casa na aldeia

02.02.23, MM

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Um dia arranjarei uma casa na aldeia

Com um alpendre com vista para o mar

Chorarei na minha viola o meu amor por ti

Versos sentidos de quem te quer amar

 

Um dia arranjarei uma casa na aldeia

Com um baloiço com vista para a serra

Serás rosa dos meus campos a florir

Sementes brotando na abundante terra

 

Um dia arranjarei uma casa na aldeia

Com uma sacada feita de lençóis de cetim

Pecados cometidos em noites de luar

Intimidades partilhadas do nosso jardim

 

Um dia arranjarei uma casa na aldeia

Com um sótão com vista para as estrelas

Viajaremos na imensidão do nosso amor

Nebulosas explodindo em tons de aguarelas

 

Um dia arranjarei uma casa na aldeia

Crianças a brincar, animais e muito mais

E eu feito menino encantado com o teu sorriso

Admirando a mulher que eu amo demais

 

Um dia arranjarei uma casa na aldeia

Aguardando serenamente a tua chegada

Quebrando o feitiço da lua cheia

Beijando a minha princesa encantada