Procura-me
Procura-me nas noites frias que se fizeram outonais
Por entre as folhas que caem desamparadas
No cheiro das castanhas embrulhadas em jornais
Sob as ruas despidas em lágrimas derramadas
Procura-me na sofreguidão do momento
Quando o chão fugir e o teu mundo desabar
Esperanças renascidas trazidas pelo vento
Sentimentos puros versando o verbo amar
Procura-me por entre as estrelas cadentes
Desejos perdidos em sorrisos encantados
Vivências sonhadas em volúpias ardentes
Prazeres proibidos em corpos deleitados
Procura-me no aconchego da lareira acesa
Pele arrepiada, sangue a fervilhar
Segredos ocultos que desejas partilhar
E que tal se fossemos jantar?
Nós dois
A sós
Sem pensar no que virá depois
E se for bom, deixa acontecer
Lábios que se tocam em batimentos ritmados
Corpos entrelaçados em momentos de prazer
Línguas deslizando sob corpos suados
Mais um beijo antes de te enlouquecer
Numa dança sensual
Até ao êxtase final
Por que esperas afinal?
Procura-me nos jardins floridos
Procura-me nos sonhos proibidos
Procura-me nos abraços esquecidos
E nos beijos adormecidos
Procura-me no alto mar
Nas tempestades feitas de saudades
Procura-me em tudo, procura-me em nada
Procura-me simplesmente, quem sabe não te levo ao altar!