Aconchego Outonal
Na melancolia dos dias que agora passam
Finda o entardecer sob as folhas caídas
Esvoaçando alegremente levam ternas lembranças
Embaladas nas brisas outrora quentes e que agora se esfumaçam
Terminando em delírio nas mãos das sorridentes crianças
As graciosas árvores perdem o seu pudor
E folha-à-folha vão ficando completamente despidas
Cenários perfeitos encantados em cores garridas
Tintas desvairadas que na tela são domadas pelo seu criador
Numa obra prima carregada de sensualidade
e no entanto, para muitos, mera promiscuidade
Os sinos fazem soar o recolher do sol agora envergonhado
Nas memórias permaneceram os segredos do escaldante Verão
Vivências preenchidas em noites quentes, ardentes, eloquentes
cumplicidades, leviandades, saudades, encerrando a estação
“o que lá ficou ficou” - diz quem por lá passou
E as folhas já não podem contar
E as pedras, essas sabem bem os segredos guardar
A noite esfria e com ela surge o aconchego outonal
Cheiro a terra molhada por vezes virando pantanal
Estalidos anunciam as castanhas assadas
Apregoadas em ruas mal iluminadas
Onde os amantes passeiam de mãos dadas
Mas Outono traz a reflexão
Sentimentos eternizados numa folha escrita à mão
Palavras soltas que ganham vida naquele inusitado café
Para muitos um louco, um homem sem fé
De mãos calejadas, olhar entristecedor
e no entanto, é feliz, escreve poemas de amor