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Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

Gostava...

30.05.21, MM

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Gostava de dizer que sou forte o suficiente

Mas não sou…

Gostava de dizer que não vou quebrar

Mas eu sei que vou

Gostava de ser sempre luz luminescente

Mas também eu me apago

Gostava de seguir em frente sem chorar

Mas no choro me afago

 

Gostava de te iluminar com a minha presença 

E que estar longe de ti não fosse a minha sentença 

Gostava de te oferecer flores de todas as cores

De cuidar de ti e dos teus amores 

E no calor da noite fazermos amor

Gostava de te preparar um jantar

À luz das velas ou ao luar

De correr pelos campos floridos

Ou beijar-te á beira-mar

 

Talvez nem os deuses saibam

O quanto eu gostaria de te amar

Talvez nem nos livros de amor caibam

As palavras que não consigo soletrar

E no entanto,

Neste meu triste encanto

Gostava tanto de te poder amar

Abismo

27.05.21, MM

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Contemplo no horizonte o meu abismo

Emaranhado em teias de psiquismo 

Penetro nas tormentas da minha alma

Entro, saio e vou fluindo

E nas torrentes turvas onde não há calma

Há uma paz interior me seguindo

 

Mergulho num mar de papoilas 

Sem atrever-me a provar do seu chá 

Mas a hipnose já está dentro de mim

Entranhada no seu perfume a jasmim

E apenas digo ya ya ya

Só apenas balelas cantadas em becos e vielas

Corpos profanados em camas de cetim

E eu aqui estou assim assim

Contemplando no horizonte o meu abismo

Encantando num ego carregado de lirismo

 

Deslizo no meu subconsciente

Uma porta entreaberta de luz e felicidade

Fecho, fujo, não quero saber

Não quero-me perder de novo na saudade

Talvez seja uma ilusão, uma quimera

Aromas esquecidos da última primavera

E ali estou eu, nem deus nem ateu

Quebrando a promessa que alguém prometeu

E ali estou eu, de olhos postos no destino

Um destino que é só meu...

Encontros e reencontros

23.05.21, MM

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A vida é feita de encontros e reencontros

Pessoas que entraram e não ficaram

De pessoas que queriam entrar e ficar

Histórias que nunca chagaram a acontecer

Perdidas nas memórias do tempo

Recordações transformadas em passatempo

Que se esfumaçam quando chega o anoitecer

São apenas lembranças de quem já não lembra mais

Esvoaçando nas mentes de quem já sofreu demais

 

Mas a vida é feita de encontros e desencontros

Pessoas que vieram na certeza de querer ficar

Memórias que nem os deuses têm o poder de apagar

Porque há histórias que vão para além da história da vida

Porque há sentimentos que só se vivem de forma sentida

E nos encontros e desencontros perdidos numa encruzilhada

Esbarramos no destino da pessoa amada

E talvez seja essa a beleza da vida, do amor

De uma manhã gélida fazer uma noite de calor

Sem medos de errar, de recomeçar

E nos encontros e desencontros

Redescobrir o verbo amar

Leva o meu coração

18.05.21, MM

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Assaltaste a minha vida e eu deixei

Perdido neste amor que um dia te dei

Roubaste o futuro que para nós imaginei

Em mil cacos partidos eu fiquei

 

Leva o meu coração para onde fores

Não preciso dele neste vazio

Coloca-o num vaso ao lado das flores

Mas leva o meu coração para onde fores

 

No ar ficaram apenas partículas de nada

Nem o sol brilha nem chega a madrugada

No meu chão reflexos de roupas nunca tiradas

Na memória lembranças de mensagens partilhadas

 

Partimos seguindo por trilhos diferentes

Deste nosso amor que sempre foi impossível

O proibido impediu-nos de noites eloquentes

Mas o que em ti vivi será sempre inesquecível

 

Leva o meu coração para onde fores

Não preciso dele neste vazio

Coloca-o num vaso ao lado das flores

Mas leva o meu coração para onde fores

 

Talvez faça chorar as pedras da calçada

Sofrimentos numa triste canção entoada 

Sonho que um dia ainda surjas com alvorada

E no universo te sintas a mulher mais amada

 

Leva o meu coração para onde fores

Não preciso dele neste vazio

Coloca-o num vaso ao lado das flores

Mas leva o meu coração para onde fores

Amor doce, amor salgado

16.05.21, MM

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Amor doce, amor salgado

Primeiro amor ou já experienciado

Talvez um amor intenso, ofegante

Vivido num desejo incessante

Talvez um amor carinhoso, amoroso

Vivido num ambiente harmonioso

 

Amor doce, amor salgado

Paixões despertadas em corpos suados

Perdidos em noites de libertinagem

Ecos de prazer em corações apaixonados

Ardências de um amor selvagem

 

Amor doce, amor salgado

Palavras soltas em melodias

Que em simbiose formam uma canção 

Suaves toques carregados de poesias

Sentimentos oriundos do coração 

 

Amor doce doce, amor salgado

Chocolate derretido pelo corpo espalhado

Amores-perfeitos no teu jardim encantado

Jantar à luz das velas em perfeita harmonia

Corações que batem em perfeita sintonia

 

Amor doce, amor salgado

Na importância de amar e ser amado

Ser feliz em estar apaixonado

E no entanto tudo que eu queria

Era viver um dia

Este meu amor ao teu lado

Amor doce, amor salgado

Longa se torna a espera

13.05.21, MM

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Longa se torna a espera

Que insiste em desesperar

Por um momento tonto

Feito ilusão, feito quimera

Não é história, não é conto

É uma alma a definhar

 

Longa se torna a espera

Dos dias que insistem em não passar

Das nebulosas noites sem luar

Dos “ses” e dos “quem me dera”

Sonhos que não viram realidade

Corações que ficam na saudade

 

Longa se torna a espera

Prenúncios de uma vida austera

Olhar o oceano sem sentir o cheiro a mar

Chuva que cai sem saber se está a molhar

Primavera sem pássaros a cantar

Apenas areias do deserto a céu aberto

 

Longa se torna a espera

De uma alma pura e sincera

Ousando viver um louco amor

Ambicionando um pouco de calor

Mas a mensagem acaba por não chegar

Mais um dia que insiste em não passar

O que ouves no teu silêncio?

11.05.21, MM

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Quando o absoluto silêncio se instala, o que ouves?

O palpitar revigorante do coração?

Os pensamentos intrínsecos da alma?

Ou apenas o vazio?

Diz-me…

Tu que tens certezas inabaláveis 

Portadora de conhecimentos inigualáveis

Vivências de sabedorias inimagináveis 

Dogmas de verdades invioláveis

Quando o silêncio se instala, o que ouves?

 

Mas será que sabes mesmo? 

Como podes saber se não vives o que sinto

Se apenas tens a teoria estereotipada

Descrita em livros em tinta envenenada

De quem nunca soube o que era ser amada

 

Mas diz-me...

O que ouves quando o silêncio se perpetua 

Quando tentas ler as almas e apenas vês a tua, completamente nua…

Serás a perfeita, a eleita

Do coração de alguém? 

Serás assim tão importante, elegante

Ou apenas uma miragem, aragem...

Eu vivo, amo, sofro, enfrento a tempestade

E mesmo que pareça preso à saudade

Vivo em plena liberdade

De amar

De sonhar

De viver a paixão 

De a quem eu entender

Oferecer o meu coração!

Envolver

09.05.21, MM

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Deixa o amor ganhar asas, extravasar, correr-te na veias,

Deixa o desejo possuir-te, emaranhar-se nas suas teias,

Deixa-te envolver… sentir o sangue a fervilhar, a pele a arrepiar

Deixa-te levar pelo deleite dos secretos desejos

Toques ardentes, olhares penetrantes

Volúpias perdidas em escaldantes beijos

Libertados numa noite ao luar

Qual loba misteriosa

Amarrada nos seus íntimos segredos

Esperando o momento certo para os despertar

 

Deixa acontecer o que tiver de ser

Deixa o meu beijo nos teus lábios morrer

Que outro de seguida o fará renascer

Num desejo que cresce, floresce

Nas curvas do teu corpo

Quente, eloquente, exaltando paixão,

Deixa a respiração ficar ofegante

A cada toque provocado no teu segredo

És a viagem e eu o viajante

O qual percorro dedo a dedo

Pautado no meu desejo saciante

 

Deixa-me entrar e ficar

Perdido nas horas em teu peito

Sentir na minha pele o teu jeito

E nos silêncios exaustos, o teu respirar

Deixa-me permanecer, enlouquecer

Embalado por eloquentes gemidos

Visionados em sonhos tingidos

Mil cores gritantes em corpos vibrantes

Até ao último sufoco, louco

Deixa-me apenas te envolver

E no meu peito ver-te adormecer

devaneios

05.05.21, MM

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Sentado junto ao rio divago sobre a vida, sobre a natureza. Observo enternecido dois passarinhos que indiferentes a tudo interagem entre si, e eu questiono-me o que eles tanto "falam"? Talvez das aventuras passadas em pleno voo, das maravilhas que observam, dos lugares fabulosos e campos verdejantes que sobrevoam, altivos, senhores do seu destino. Talvez saibam muitos segredos, passagens secretas ou até mesmo dos amantes que se encontram às escondidas. Mas apesar da minha curiosidade, não os ouso interromper, não seria apropriado.

Em conivência no mesmo espaço, encontram-se as graciosas borboletas, esvoaçando alegremente como se nada as preocupasse, livres de tudo o que as possa prender, espalhando sensualidade a cada bater de asas. Em terra, pequenos insetos observam maravilhados a dança eloquente dos pássaros, talvez também eles gostassem de viver um amor assim, mas não tem tempo para isso, a vida está cheia de predadores e ainda têm tanto para fazer antes que cheguem as primeiras chuvas.

Uma ligeira brisa atira para as águas calmas do rio pequenas folhas, transformando em pequenas embarcações que embelezam a paisagem. Levanto-me para lançar uma pedrinha à água tal qual uma criança feliz, talvez no desejo de desestabilizar toda a harmonia existente. Aproximo-me e vejo o meu reflexo e percebo que talvez o rio tenha lido os meus pensamentos, os meus mais secretos desejos e devaneios... Uma suave brisa parece-me sussurrar sensualmente o teu nome. Sinto um calor e só penso: hoje está um maravilhoso dia para fazermos amor!

Fragmento meus

04.05.21, MM

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A  minha vida resume-se a constantes fragmentos do que podia ter sido, excertos de um destino que nunca aconteceu. Talvez nunca tenha compreendido as mulheres… e muito provavelmente nunca as venha a compreender! Ou talvez elas nunca tenham estranhado a minha essência, julgando-me um qualquer vagabundo, saltando de coração em coração. Sempre tive a fama, sem nunca tirar o proveito! 

Muitas pessoas passaram por mim mas muito poucas ficaram, e ainda menos aquelas que tocaram no meu coração. Nunca fui de apaixonar-me a cada esquina, a cada “rabo de saia” que passava. Sempre fui tímido, o que faz que por vezes seja surpreendido com a estonteante frase: “sabes, eu já altura gostava de ti” e eu fico a pensar que nunca consegui interpretar os sinais… ou simplesmente talvez nunca tenha adquirido essa capacidade, sensibilidade…

Hoje vagueio por entre divagações e desejos proibidos. Enquanto fechava para sempre um ciclo de muitos anos, encontrei alguém que me completava, que fazia-me sorrir, despertando o melhor que há em mim. Mas a indecisão fez que tudo desmoronasse como um castelo de cartas e o que podia ter sido uma linda história de amor virou saudade dos momentos partilhados, das intermináveis mensagens, de dezenas de poemas escritos, perdidos numa qualquer rede social, e que hoje apenas decoram o meu mural de recordações. 

Vivo entre espectros de vários passados, que no entanto, lentamente, vão se afastando como se fosse portador de um qualquer vírus, de uma qualquer peste. Não consigo compreender os efeitos secundários de uma separação… “passaste a ser perigoso” e no entanto, continuo a ser a mesma pessoa, sem adicionar ou subtrair uma única palavra, um único gesto. “as circunstâncias mudaram”... circunstâncias? Perigoso? Como assim? Por causa daquilo que escrevo? Sempre referi que os poemas eram para uma pessoa específica, para alguém especial! Ou talvez seja esse o problema? não entendo porque longas amizades esfumaçaram-se do nada… penso que nunca irei entender... 

Sou como sou… por muito paradoxal que pareça ser,  não consigo sentir o vazio, nunca saberei o que é não estar apaixonado, de não ter sempre alguém que preencha o meu coração…  terei sempre o desejo de amar, de viver o amor, a paixão, de sentir o sangue a fervilhar até corar, de ouvir palpitar do coração, a esperança de ser feliz e simultaneamente fazer alguém feliz… assim sou eu… um eterno sonhador, um eterno apaixonado!