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Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

aqui vou eu outra vez

25.02.21, MM

MM 1.2 cópia.jpg

 

1,2,3 aqui vou eu outra vez

 

caio, levanto e prossigo

ainda não é desta que escrevem no meu jazido

e mesmo que ao longe pressinta o perigo

avanço destemido sem receio do inimigo

 

1,2,3 aqui vou outra vez

 

percorro caminhos de antigos guerreiros

perpetuados nas estrelas valentes timoneiros

memórias vivas que não me deixam cair

que me fazem regressar quando quero partir

e mesmo quando quero abalar, chorar

ouvem os meus lamentos, tormentos

sentimentos difíceis de explicar

 

1,2,3 aqui vou eu outra vez

 

ergo-me, levanto-me, grito aos quatro ventos

expulso compulsivamente os meus ressentimentos

sereno as fúrias e enterro-as nos esquecimentos

 

1,2,3, aqui vou eu outra vez

 

renascido das cinzas enfrentando a multidão

de coração aberto, exaltando paixão

despindo-me da solidão

assim sou eu… mostrando a minha nudez

sem nenhum pudor, sedutor

desejando um pouco de amor

 

1,2,3 aqui vou eu outra vez

Por vezes... o amor

15.02.21, MM

MM por vezes.. cópia.jpg

Por vezes... o amor

 

Por vezes é uma questão de semântica

De encarar o sentimento de forma romântica

Por vezes é um “clichê” outras “um não sei quê”

Um estatuto escondendo uma vida amargurada

Lagrimas perdidas de quem não encontra a madrugada

 

Por vezes é um fogo que arde na paixão

Píncaros de felicidade que aquecem o coração

Desejos partilhados numa vida em harmonia

Corpos que se entranham em perfeita sintonia

 

Por vezes o amor vive no abstrato

Paixões intensas vividas em celibato

Almas que se encontram ao anoitecer

Corpos estremecidos em noites de prazer

 

Por vezes são meros amores proibidos, escondidos

Mas que transbordam de felicidade, de verdade

Que quando partem deixam saudade

 

Por vezes… simplesmente pode acontecer

Sentir aquele arrepio mesmo sem querer

Esbarrar na pessoa que nos fará renascer

 

Talvez seja essa a beleza da vida, do amor

Um toque, um olhar, um sorriso, uma flor

Sentimentos que nos fazem esvoaçar

De junto da pessoa amada querer acordar

 

Poesia XIX- Musa de Inspiração

Rapazinho de sorriso rasgado

11.02.21, MM

MM rapazinho de sorriso rasgado cópia.jpg

 

Chovia torrencialmente naquela tarde. O céu em tons de breu fazia lembrar os filmes apocalípticos, onde literalmente o dia parecia ter sido engolido por uma noite de trevas. Perante aquele acontecimento repentino, havia pessoas completamente aterrorizadas, deambulando de um lado para o outro, tentando encontrar um porto de abrigo, abrigando-se como podiam ou recolhendo-se às suas casas. 

No entanto, no meio daquele caos emergente, surgiu naquela rua quase inundada, um rapazinho de sorriso rasgado, abraçando cada gota caída do céu, como se fosse a maior de todas as dádivas. Os olhares de desdém e gozo por parte de quem assistia confortavelmente no recanto das suas casas, contrastavam com o regozijo puro daquele rapaz, que indiferente a tudo, saboreava a água da vida, deliciando-se em cada poça, rodopiando como se dançasse eloquentemente com uma amiga imaginária. Deslumbrava-se com as flores de garridas cores, tocando-lhes suavemente tal qual uma sensível borboleta, tentando sentir o seu aroma, a sua textura, abrigando-as da terrível tempestade. Gritava em plenos pulmões tentando rivalizar com o som ensurdecedor da chuva que caia violentamente. Mas ele não se importava, nem mesmo com os olhares incrédulos e de chacota, de que aproveitava para fotografar e filmar.

Indiferente a tudo, corria pela rua como se fosse o rei do mundo, o deus daquela tempestade, que lhe enchia a alma de alegria. 

Aos poucos a chuva foi abrandando. O céu já não parecia querer abater-se sobre a  terra, as trevas davam lentamente lugar a rasgos de claridade. Com a aproximação do reaparecimento do astro rei, as pessoas saíam dos seus abrigos e de suas casas, contemplando os estragos causados pela tempestade e comentando a reação daquele bizarro rapaz. 

Aquele rapazinho de sorriso rasgado, já não estava na rua, tinha regressado a casa. Observou muito a custo o surgir do arco-íris e trancou-se no seu refúgio, maravilhado com tudo aquilo que tinha experienciado, que o tinha deixado completamente extasiado e de coração cheio de alegria. Mesmo em condições extremamente adversas, foi a melhor experiência que teve em toda a sua vida, guardando cada fragmento de imagem retidos pelos seus frágeis olhos. Não costumava ter grandes oportunidades de sair de casa, sofria de sensibilidade à luz...

Recordação

10.02.21, MM

MM outros tempos cópia.jpg

 

São sonhos de outros tempos

Vividos naqueles eternos momentos

E que hoje viraram meras memórias

 

Foi um tempo que já passou

E de nós nada restou

A não ser a própria história

 

E quando aquela saudade apertar

Lembra-te do que fez mudar

E que hoje é apenas uma recordação

Bem trancada no fundo do coração

 

E se der vontade de chorar

Deixa as lágrimas cair

São vivencia encantadas ao luar

Que um dia fizeram sorrir

 

São sonhos de outros tempos

Aprisionados em sentimentos

De amizade e de saudade

De paixão e de ilusão

E que hoje é apenas uma recordação

Bem trancada no fundo do coração

 

E se der vontade, só mais uma vez

Que seja sim ou não

E não um simples talvez

E se der vontade, só mais uma vez

Que seja com a vontade de ficar de vez

 

Poesia XVIII- Musa de Inspiração

Pensão dos Amores

02.02.21, MM

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Perdíamos-nos os dois em noites de loucuras

Trocando carinhos embebidos em doçuras

Segredos partilhados naquela esquecida pensão

Secretamente escondida entre avenidas e vielas

Onde desejos ardentes contidos numa tórrida paixão

São pintados num quadro de escaldantes aguarelas

 

Desvendamos os segredos na nossa intimidade

Desavergonhamos cicatrizes próprias da idade

Sussurro sobre o teu corpo libidinosamente

Percorrendo a tua delicada pele suavemente

Nervosismos de sonhos adiados

Exaltação de pelos arrepiados

Segredos numa caixa guardados

Prestes a serem revelados

 

Tudo é poesia em ti

E em mim tudo é alegria

No aconchego do teu abraço,

E no compasso do teu coração

Sentir o amor e a paixão,

E nos teus lábios sentir a magia

Que me fará feliz um dia...

 

Poesia XVII- Musa de Inspiração