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Fragmentos de Miguel Moreno

recordações, paixões, aventuras de quem já viajou por todo o país... a vida é bela

Regresso às aulas!

26.09.20, MM

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Hoje faço uma viagem aos longínquos tempos de estudante. Para muitos alunos era o regresso a um pesadelo, o fim da boa vida de férias memoráveis e inesquecíveis. Confesso que para mim o regresso às aulas era um dos momentos mais marcantes. Numa era em que a tecnologia ainda era uma miragem, as redes sociais eram as ruas, os campos de futebol ou os salões de jogos. O problema é que eu morava longe, numa casa que nem telefone dispunha. Ou seja, as minha férias eram passadas entre o confinamento e o trabalho agrícola ou sair sem rumo nem direção, esperando que por um acaso encontrasse alguém conhecido ou pudesse participar num qualquer jogo de futebol...

Mas voltando à escola, posso afirmar que o ano mais marcante foi sem sombra de dúvidas o 10º ano, um ano cheio de paradoxos, de extremos, de lutas internas, da tentativa de afirmação através da libertação da minha timidez. Foi também o ano da primeira namorada em que quinze dias bastaram para se fartar de mim porque não sabia sequer "onde tocar". Mas também foi o ano em que conheci a minha primeira grande paixão, um vislumbre de beleza e sensualidade que me deixava a suspirar, numa doçura que me deixava completamente desarmado. Depois de vários dias com aquela troca de olhares hipnotizantes, acabámos por nos conhecer nas escadas de um shopping através de uma amiga tua. Mas incompreensivelmente não aconteceu e o meu mundo desabou. Acabaste por ser uma paixão utópica durante bastante tempo, de um sonho que nunca chegou a ser realidade. Engraçado que também contigo o destino sempre fez questão de ser irónico, onde os nossos caminho se iam cruzando através de amigos em comum, mostrando que o mundo é mesmo um lugar pequeno. Depois disso já nos encontrámos varias vezes e ficou uma bonita amizade e nem mesmo a distancia apaga o carinho especial que tenho por ti.

O regresso às aulas para mim era isso, a oportunidade de descobrir o amor, de conviver, de jogar futebol. É um daqueles fragmentos marcantes, num paradoxo de sentimentos, de vivencias que moldaram a minha forma de ser, de traumas e superações. Quanto à escola em si e embora a tenha concluído, sempre a vi como um ótimo lugar para passear os livros.

Capítulo III - Fragmentos

Almas gémeas

15.09.20, MM

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Almas gémeas

 

É um daqueles fragmentos que muitas vezes trespassou o compreensível, que foi muito para além do explicável, um fragmento inacabado daquilo que podia ter sido e nunca foi, um capitulo que nunca se fechou, uma porta que ficou entreaberta, uma história que ficou perdida na própria história.

Absolutamente nada foi normal, desde a forma intensa de como nos conhecemos, à magia do nosso primeiro beijo, passando por um final prematuro de dois adolescente à descoberta do amor, da sensualidade, de afirmação, de desejos e loucuras. Mas eu era apenas um menino e nem sempre conseguia acompanhar a tua tempestuosidade ofuscando as tuas lutas internas.

Foi rápido, intenso, confuso, num misto de ingenuidade, intrigas e impulsividade que acabaram por determinar um final prematuro... a partir desse momento parece que o destino passou a conspirar ironicamente para que nos encontrássemos nos lugares mais improváveis, nas ocasiões mais impróprias, como querendo nos mostrar que éramos almas gémeas, que estávamos destinados um ao outro, condenados eternamente a ficar juntos. Os nossos encontros eram espiritualmente intensos, em que os olhos falavam mais que as palavras, onde a que linguagem corporal transmitia desejo ardente, em que os lábios se desejavam tocar e transportar-nos para um qualquer lugar mágico. Passei a prever as tuas mensagens pegando no telemóvel segundos antes de ele tocar, a termos o pensamento sincronizado de ligarmos ao mesmo tempo, a conseguir sentir a tua presença num determinado lugar.  Estar contigo era uma experiência extrassensorial intensa, de assimilação e compreensão que me levava a questionar todo aquilo em que acreditava e mesmo depois de eu seguir o meu rumo para longe, as chamadas ou mensagens que fazias aconteciam nas situações mais embaraçosas para mim, como que adivinhasses as malandrices que estava a fazer.

Este é um daqueles fragmentos que necessitava de uma banda sonora, de musicas que ambos sabíamos que seriam as nossas musicas...

Não possuo conhecimento que me permita divagar sobre o conceito de alma gémea, ou se uma alma gémea possa ser o grande amor de uma vida de uma pessoa ou apenas alguém muito especial. Nem tão pouco sei se alguma vez nos voltaremos a ver e muito menos a quase improbabilidade de voltarmos a ficar juntos, mas certamente, e se a vida não for só isto, em algum momento as nossas almas já se encontraram, já dançaram eloquentemente, já se entranharam de uma forma tão intensa que por mais reencarnações que possamos ter, acabaram sempre por se encontrar, mesmo que seja para uma enigmática e mágica amizade!

Ou talvez sejam tudo acasos aleatório do própria vida, sem qualquer relação, apenas um conjunto de factos e probabilidades explicados através de uma simples forma matemática... mas curiosamente e enquanto fazia este post, recebo uma chamada tua... e nesse caso, se for mesmo tudo um acaso, chego à conclusão que a minha vida é mesmo muito irónica!

Capítulo II - Fragmentos

 

 

a viagem

08.09.20, MM

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Na essência dos meus fragmentos, habitam memórias perdidas no tempo e no espaço. São memorias do que foi e do que podia ter sido e inevitavelmente coloco a questão: o que teria acontecido se naquele tempo houvesse redes sociais? Eu um rapaz tímido sem grande jeito para conviver com o sexo oposto, refugiado imensas vezes no campo da escola querendo apenas jogar à bola.

E é já nesse meu tarde despertar que começo a desfragmentar as minhas memórias, a minha viagem. E esta não começo com uma viagem qualquer, era aquela viagem realizada vezes sem conta, em busca da emancipação, da descoberta, da afirmação. Viagens onde  a adrenalina faziam disparar o coração num misto de emoções e sensações, entre risos e loucuras, algumas delas de olho no "pica", percorrendo as carruagens até ao limite, sempre na companhia na minha nova mas inseparável amiga nestas andanças. Uma amiga para toda a vida!

Foram provavelmente dos melhores tempos da minha adolescência/juventude. Um troço de apenas uma paragem mas que me levava para um mundo completamente diferente. Novas descobertas, novas loucuras e muita cumplicidade vivida sempre no extremo do que podia acontecer mas que nunca aconteceu, pois éramos os melhores amigos.

Foi o bilhete para ajudar a formar a minha personalidade, para viver amores e desamores, de aventuras com novos amigos e  de jogos de snooker intermináveis, de "cravar cigarros sem nunca ter fumado, dos "tangos" bebidos ao inicio da tarde, das loucas danças e dos arranjinhos, numa era em que quase tudo era inocente!

Perdura no tempo uma amizade que ficou para a vida, vivida de forma intensa, onde a cumplicidade existia num simples olhar, num pensamento partilhado, em abraços de despedida intermináveis, abraços sinceros e que reconfortavam a alma (saudades desses abraços). Mas crescemos... e um dia tive necessidade de continuar a minha viagem, e apesar de estarmos longe, de seguirmos caminhos diferentes, continuas a fazer parte dos fragmentos mais importantes da minha vida, porque a amizade não tem que ser perfeita, tem apenas que ser verdadeira!

Capitulo I - Fragmentos